Assédio Moral“O varejo é um segmento dinâmico e bem estressante. Aprende-se muito, mas também se sofre enormemente. Lideranças formadas no negócio nem sempre (ou quase nunca) dispõem de competências em gestão de pessoas. A cultura alimenta a agressividade. Os slogans em geral são sangue no olho’, ‘tropa de elite’, ‘varejo é para os fortes’. Não bastasse a cultura organizacional, assumiu a cadeira de RH da empresa onde eu trabalhava uma pessoa com larga experiência no segmento. Fez uma gestão baseada em maquiagem. O sorriso externo entrava em contradição com as práticas cotidianas. A perseguição teve início com a gestora da minha área, frequentemente humilhada diante da equipe. Numa reunião, ela chegou a chorar diante de todos. ‘Engole o choro; chega de mi-mi-mi’ foram as palavras que ecoaram em nossos ouvidos atônitos. Na ocasião, foi-nos dito que éramos um time fraco. Depois de isolada, inclusive fisicamente, nossa gestora acabou demitida. Reunidos numa sala, recebemos a notícia e a advertência de que tínhamos cinco minutos para melhorar a cara. Afinal, a vida continuava. Então começaram contratações de pessoas com experiência em nossas áreas de atuação, mas alocadas em outros cargos. A máquina inchava, e fomos vendo que, aos poucos, todos iam sendo substituídos por ‘gente de confiança’. As mentiras e humilhações se intensificavam, envolvendo vários departamentos, não apenas o meu núcleo. Perplexos, começamos a pensar que realmente deveria haver algo errado conosco. Foi um questionamento coletivo, envolvendo mais de uma centena de profissionais. Então, as pessoas começaram a ficar doentes. O estilo de gestão passou a permear outros níveis, e ninguém mais confiava nas lideranças. Foi um desmonte. Teve gente que pediu para sair, mas a maioria fez vista grossa e se acomodou, entrando no jogo. Eu estava grávida e meu segundo filho. Quando chegava o domingo, sentia uma opressão imensa de pensar que na segunda teria de ir para o trabalho. Sofri pressão para entrar logo em licença-maternidade. No último dia, já levei minhas coisas, pois sentia que ali era o fim desse ciclo. Dois dias antes do meu retorno, fui chamada para uma reunião em um local próximo à empresa. Não fiquei surpresa ao saber que já havia uma pessoa no meu lugar e que não deveria mais voltar.”

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