Assédio Moral“Exerci cargo de confiança em órgão público federal, com uma atuação mais técnica. No núcleo onde estava alocada, havia uma colega ocupando posição ligeiramente superior à minha na estrutura administrativa. Contudo, na prática, éramos pares, respondendo a uma mesma chefia. Certa vez, ocorreu uma reestruturação e ela foi promovida. Nesse momento, ficamos apartadas, cada qual em um núcleo e com uma liderança específica. De minha parte, também recebi atribuições mais desafiadoras à frente de uma equipe, movimento que me conferiu visibilidade e poder. Mais adiante, nova alteração a trouxe de volta ao meu núcleo, e aí a relação começou a azedar. Imagino que achasse que eu fazia sombra a ela. E havia também um pouco de ciúmes, porque ela não gerenciava nenhum time. Houve então uma troca na direção-geral do órgão, assumido por uma figura de estilo bem hierárquico. Mais tarde, meu chefe direto saiu, surgindo assim a disputa por sua sucessão. Nós duas estávamos cotadas, assim como um terceiro nome. Por deter cargo acima dos demais, ela acabou sendo escolhida. Foi então que teve início uma perseguição mais ostensiva. De saída, forçou a situação para que eu tirasse férias e, nesse tempo, colocou outra pessoa no meu lugar. Quando retornei, não dispunha mais de função nem equipe. Meu substituto era menos experiente que eu e, diante de um projeto especial, fui designada a assessorá-lo. Não o fiz, até porque entrei em licença médica. O despreparo dele ocasionou erros crassos, motivo de chacota até em matérias na grande imprensa. Enfim, o espaço que haveria para mim era o de assistente do meu substituto. Foi um tempo de humilhações e ameaças. Frequentemente era intimidada com a frase ‘tenho carta-branca para te demitir’. Entre adoecer e sair, fiquei com a segunda opção. Impressiona-me ver como as relações podem se deteriorar, por inveja, ciúmes, competição. Era uma pessoa muito capacitada e inteligente, que eu até admirava, mas com a qual me decepcionou profundamente.”