Quem é Quem

MAGUI CASTRO*

“Fui criada em Copacabana. Meu pai, advogado de profissão, foi categórico comigo e com meus quatro irmãos, anunciando durante nossa adolescência que não arcaria com o ensino de nível superior de nenhum de nós. Dizia que filho dele não ficaria despreocupado, aproveitando a praia. Queria que tivéssemos responsabilidade. Confesso que, lá no fundo, eu duvidava um pouco desse posicionamento, mas ele cumpriu a palavra! Interessada em cursar psicologia, consegui emprego de secretária em uma escola de inglês e, com o salário, custeei meus estudos por dois anos. Como o curso não correspondeu às minhas expectativas, resolvi interrompê-lo e investir no aprimoramento do meu inglês nos Estados Unidos, onde morei minha madrinha. De volta ao Brasil, prestei letras e atuei como secretária bilingue em multinacionais de produtos de consumo. Em uma delas, assessorei um diretor de marketing temido por todos que adentravam em sua sala. Eu me dava bem com ele, mas os gritos com os demais me incomodavam bastante. Venho de uma casa onde não se levantava a voz para o outro, então, no esforço de minimizar os embates, passei a oferecer ajuda aos interlocutores do meu chefe para lançar um olhar prévio a seus projetos e apresentações, verificando pontos que, eu já sabia, gerariam estresse.

Magui Castro_gestão da carreira Caldwell Partners

Deu certo. Acabaram-se os gritos, e não é que eu comecei a pegar gosto pelo marketing? Com o tempo, o diretor foi demitido, mas a equipe do departamento quis que eu permanecesse. Fiquei como assistente de produto e aí começou minha carreira no marketing. O passo seguinte foi a Ambev, à época Brahma, como gerente de produto júnior. Depois veio a Gilette, onde fiquei três anos, até ser contatada por uma headhunter. De início recusei o convite, mas fui abordada novamente para a posição e, instigada pela possibilidade de aprendizado, ingressei na Coca-Cola, onde alcancei minha primeira posição de diretoria. Em 2000 mudei para São Paulo, à frente do marketing da Kodak. Em dois anos, fui promovida a presidente da companhia no Chile. Havia a perspectiva de assumir a América Latina, e a dinâmica de viagens constantes pesou na minha decisão de buscar alternativas. Por dois anos presidi uma vinícola chilena, até que veio o convite para ingressar no mundo da seleção de altos executivos. O melhor é que era para estruturar o escritório brasileiro, o que viabilizava meu retorno ao nosso país. Assim me tornei headhunter, atividade que exerço há mais de uma década.”

*Entrevista concedida enquanto sócia-diretora da Caldwell Partners Brasil. Acompanhe a trajetória no LinkedIn

Por Thaís Aiello, com imagens de Gladstone Campos

Veja também: Quem é Quem, com Elisa Carra